Um dia, saindo da faculdade, presenciei uma manifestação de alunos ao som de Rebel Rebel, do Bowie e pensei: antes Bowie que Geraldo Vandré.  Em matéria de incitar revoluções, a mpb que me desculpe, mas o rock se dá muito melhor. Eu mesma já sofri influência, veja só, do Pink Floyd, que particularmente detesto, a despeito de todo o mérito musical que essa banda indiscutivelmente tem.

Estávamos em 1995, eu tinha doze para treze anos e o cabelo igual ao dos Jackson Five. Gostava de Cranberries e Ace of Base. E como todos os outros alunos da sala, tinha um ódio mortal da professora de Desenho Geométrico. Ela era uma doida, histérica, que dizia que ponto tinha diâmetro - qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento de geometria pode aferir a bizarrice dessa afirmação – e tinha chiliques monumentais cada vez que encontrava uma mochila no chão entre as carteiras, atrapalhando a passagem. Isso aconteceu por mais ou menos dois meses, até a fatídica manhã em que a professora de inglês trouxe Another Brick in the Wall para que ouvíssemos e traduzíssemos. E caiu-nos como uma luva aquele refrão: Hey! Teacher! Leave the kids alone! (Ei! Professor! Deixe os garotos em paz!). Não sei de qual cabecinha infanto-juvenil veio a idéia, mas logo ela tomou a forma de uma conspiração musical – e uma pequena revolução surgia na sétima série. E olha que nem tínhamos visto o clipe em que as crianças ateiam fogo à escola.

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